Monday, November 19, 2007

Aqueles olhos azuis

Já aviso de antemão, leitor, esse é mais um daqueles textos enfadonhos, onde o narrador fica se lamentando por estar sozinho, culpando as pobres Moiras por seu desgraçado destino, choramingando, pedindo à lua que leve um recado de amor à sua amada, que ele nem sabe quem é.
Vai embora? Sorte sua. Mas se quiser sentar e saber por que estou querendo escrever essa coisa, tudo bem. Deixo esse conto para depois. Suco, café, cachaça? Pode se servir, a casa é sua.
Por onde começo? Deixe-me ver. Era uma noite que qualquer poeta adoraria “poetizar”. O céu estava estrelado, a lua cheia, imponente, belíssima. Eu estava perambulando pela avenida Beira Rio, o ponto turístico mais importante da minha cidade, Itumbiara, inventando enredos para histórias, que nunca conseguirei escrever.
Vi que já estava tarde e resolvi ir para casa. Tenho o costume de andar olhando para baixo e só de vez em quando levanto a cabeça para verificar se não há nada no meu caminho, por isso, muitas vezes tenho a impressão que as pessoas aparecem por encanto na minha frente. E foi assim que ela apareceu diante dos meus olhos, por encanto.
Ela era linda. Alta, cabelos longos e escuros, uma pele branquinha e aqueles olhos... Com certeza, o que mais me cativou foram aqueles olhos azuis, que pareciam observar o infinito. Ela segurava firme um cão, que a guiava entre aquelas pessoas. Suponho que seja cega. Fiquei inerte, totalmente embevecido por aquela beleza radiante. Ela passou por mim, impassível, e se foi...
É! Se foi! E eu fiquei lá, feito um idiota olhando para o nada. Quando me toquei, ela já tinha desaparecido. Meeeeeeerda. Eu a procurei em todos os lugares, mas nada. Eu deveria ter feito alguma coisa, falado alguma coisa. Agora, ela nem sabe que eu existo. Merda. Merda. Merda. Eu sou um grande idiota.
Não posso nem maldizer o destino, a má-sorte, o raio que o parta!!! A culpa foi toda minha. Droga. Já to chato, né? Também, acabamos com a garrafa de cachaça. Ah, você não bebe cachaça? Então, eu acabei com a garrafa de cachaça. Porque eu não me jogo no rio e acabo com esse tormento? Olha, isso não é idéia que se dê a um pseudo poeta bêbado. Eu quero viver , leitor. Quero ver de novo aqueles olhos azuis.

Saturday, November 3, 2007

A guerra entre os homens e os deuses

Há muitos séculos atrás, os deuses gregos se declararam senhores da terra, do céu, das águas e até das almas de todos os seres. Construíram para si um palácio no monte Olimpo e de lá reinavam sobre tudo e todos.
Pela boca de seus sacerdotes, diziam que todas as suas obras e eram perfeitas e que deveriam ser amados e respeitados por todos. Entretanto, apesar das belas palavras dos sacerdotes, eles não eram tão bons assim. Nunca ouviam as preces de seus fiéis; Exigiam, como sacrifício, a maior parte da colheita das vilas que “protegiam”, as ovelhas mais gordas e as virgens mais belas. Cidades inteiras eram devastadas pelo menor “pecado” ou mesmo para seu simples deleite.
No entanto, à medida que o poder deles aumentava, o povo notava que nada ganhavam com “a proteção divina”. Alguns, desaforados infiéis, ousavam gritar em praça pública que os Olímpicos eram desnecessários e que nem mais um grão de trigo deveria ser entregue a eles.
Zeus, rei de todos os deuses, estava cada vez mais preocupado. Hera já reclamava que não mais recebia suas adoradas ovelhas em sacrifício. Hermes anunciara que os homens deixaram de ofertar a eles virgens, que tanto agradavam o senhor dos raios e trovões.
Chamou, então, Ártemis, a temível caçadora, e a enviou para a Terra. Infalível, a deusa da lua enviou centenas para o reino de Hades. Isso fez os homens se calarem por um tempo. Mas o sonho era maior que o medo e a revolta voltou. As flechas da deusa também, mas para cada rebelde morto, dois novos surgiam.
Entre os mortais, várias histórias de vitória eram ouvidas. Contavam que em uma terra fria e distante, os seres humanos tinham se libertado da opressão dos deuses comandados por Odin e viviam felizes. Uma pequena vila no Norte da Ática que resistia corajosamente à fúria dos raios de Zeus era símbolo da luta por liberdade.
Atena e Eros, surpreendentemente, abandonaram o Olimpo e juntaram-se à humanidade em sua guerra. A deusa da sabedoria se indignou com a impiedade de Ares e Poseindon, que aniquilavam cidades inteiras, e decidiu usar seu conhecimento para esclarecer os mortais que ainda acreditavam nos deuses de que eram explorados. O deus do amor respeitava os homens, pois muitos deles, diferente dos moradores do Monte Olimpo, amavam de verdade, sem esperar dinheiro ou favores em troca. Por isso, construiu uma casa em Tebas e vivia a contar histórias de amor e liberdade.
A peleja entre deuses e homens se tornava cada vez mais acirrada. Organizados, os homens tomavam o poder em várias cidades. Os deuses respondiam com raios, furacões e terremotos.
Uma ninfa, meio deusa, meio humana, tentava entender o que acontecia e ora apoiava os deuses, ora os homens. Perguntou à Gaia, deusa-mãe Terra, de qual lado deveria ficar. Esta respondeu que eram os deuses os merecedores de seu apoio, pois tudo o que existia era criação deles
A resposta satisfez a jovem ninfa até que encontrou um ancião que questionou sua posição. Ela, orgulhosa, repetiu as palavras de Gaia. Ele balançou a cabeça negativamente e replicou.
- Realmente, foram os deuses que criaram a Terra, a água e o ar. Mas são os homens que transformam tudo isso em riqueza, alimento e progresso. Somos nós que aramos a terra, cuidamos dos animais, construímos cidades maravilhosas e potentes navios. Nós construímos o mundo todos os dias.